Muitas mulheres em aleitamento relatam já ter recebido recomendação de medicamentos para aumentar a produção de leite, os chamados galactagogos. Sim, fique de olho, e bem longe, desse nome complicado.
Por detrás de uma queixa de “pouco leite” pode haver inúmeras questões, relacionadas à percepção da mãe: autoconfiança, capacidade do bebê extrair o leite da mama, posições, dores e muitas outras situações que precisam ser avaliadas. Entretanto, sugerir o aumento da produção do leite por meio de medicamentos não resolve o problema e, pior, pode criar outros.
+Está produzindo pouco leite? Conheça o método de relactação
A amamentação é um processo psicofisiológico e a “baixa produção de leite” na maioria das vezes não é uma doença que precisa ser medicada, e, sim, superada com técnicas de manejo, escuta e empoderamento materno. Além disso, não há evidências científicas que comprovem a eficiência dos galactagogos.
Qualquer tentativa de aumento de produção de leite materno forçada pode também causar problemas. Antes de tudo, é preciso verificar se o bebê está com a pega adequada ou se a mama está muito cheia, o que dificulta a amamentação.
+Pega correta é a chave para o sucesso da amamentação
Constatamos em nossa prática clínica que quando o profissional de saúde não sabe o manejo da lactação, ele prescreve uma medicação (alopática ou homeopática). A crescente busca por resultados cada vez mais imediatos também pode ser um incentivo à medicalização de mães e bebês. Quanto maior o uso de medicamentos, maior a probabilidade de efeitos adversos não só para a mulher que amamenta, mas também para o bebê.
+ Amamentação x medicação: combinação perigosa
Portanto, se prescreverem um medicamento para aumentar a sua produção de leite, reflita:
1 – Preciso realmente deste medicamento?
Todos os outros procedimentos já foram realizados? Observação da mamada, ordenha manual, condições de vida no momento, apoio do companheiro ou familiares próximos e afastamento de motivos estressantes, entre outros.
2 – Quais são os riscos?
Indague sobre os efeitos colaterais da medicação prescrita e as chances de obter resultados que não são os esperados para você ou para seu bebê.
3 – Existem opções mais simples e seguras?
Verificar, antes de tudo, as mudanças nas condições atuais: aumentar a frequência e efetividade das mamadas, aumentar o repouso e pedir ajuda de familiares e redes de apoio comunitárias.
Nós temos convicção que tomar muita água ou comer mais ou determinados alimentos não aumenta a produção de leite. Contudo, sabemos que amamentar dá muita sede e a nutriz deve se preocupar com a sua hidratação. Dar o peito representa também um gasto diário de 500 calorias a mais; logo, a mulher tem que estar provida de alimentos para suprir esse consumo energético.
4 – O que acontece se eu não tomar a medicação?
Pergunte se a sua condição pode realmente piorar, se você não tomar o medicamento.
5 – Quais são os custos?
Os custos podem ser financeiros, emocionais e, inclusive, de tempo. Deve-se questionar se há um custo para a sociedade, se é razoável ou se existe uma alternativa mais barata.
*Dr Marcus assinou esse artigo com a Farmacêutica Fabiana Cainé Alves da Graça, membro da rede IBFAN Brasil e diretora da Amamentar é tudo de bom – consultoria em aleitamento materno (CRF 29560)
Parabéns à vcs dois. Excelente artigo!!!
Quem nos dera, todos os médicos pensassem assim! Falta informação para pediatras e ginecologistas que por muito pouco nos prescrevem essas drogas.
Amo seu trabalho Fabiana vc é a nossa fada do leite!!!
Muito obrigado! Em 2018 sairá mais novidades dessa campanha “Diga não a Medicalização da Amamentação!”
Muito oportuno essa advertência e esperamos que vocês nos ajudem a divulgá-la. Em 2017 vamos lançar uma campanha pela “Desmedicalização da Amamentação”. Aguardem.
Agradeço a parceria com a Farmacêutica Fabiana Cainé.